Clube da Insonia
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Com Ionam

Presidência da República envia representante para Antonio João

Foto: Miriam Névola Foto: Miriam Névola

Está em Antonio João, o diretor do Departamento de Diálogos Sociais, da secretaria geral da Presidência da República, Gustavo Augusto Gomes de Moura. Ele foi enviado como representante do Governo Federal para averiguar a situação de conflito entre produtores rurais e indígenas e tentar amenizar o confronto, que já resultou na morte de uma pessoa.

O diretor chegou a Mato Grosso do Sul na tarde de domingo, e foi até uma das fazendas invadidas, na manhã desta segunda-feira, onde conversou com a FM CIDADE 101. “Ainda não tenho informações em detalhes, estou fazendo levantamentos e pretendo reunir todos os órgãos, como Funai, MPF, Justiça, para tentar um acordo e resolver ou amenizar a situação”, afirma Moura.

Conflito

Na semana passada centenas de índios invadiram várias fazendas de Antonio João e segundo produtores rurais, fizeram funcionários de reféns. Até que no último sábado, um grupo de agricultores resolveu retomar a área. Ao chegar ao local, houve confronto. O índio Semião Fernandes Vilhalva, de 24 anos, foi morto com um tiro na cabeça. As circunstâncias da morte ainda não foram esclarecidas. A Polícia Federal está fazendo perícia para tentar descobrir o que pode ter acontecido. Produtores afirmam que não estavam armados, já os índios acusam os fazendeiros.

Depois da morte, órgãos de segurança foram chamados. Departamento de Operações de Fronteira, Força Nacional e Exército estão na região. Segundo a Funai, das nove fazendas invadidas, três foram retomadas e seis continuam ocupadas por índios.

Área em disputa

De acordo com o coordenador da Funai em Ponta Porã, Elder Paulo Ribas da Silva, pelo menos 1.200 indígenas ocuparam 9 propriedades, pois estariam cansados de esperar pela demarcação. “Em 2005 foi homologada a demarcação de 9.317 hectares, que seriam terras indígenas e ficam naquela região. Mas o proprietário da fazenda conseguiu um mandado de segurança, suspendendo a demarcação e esse processo está parado a justiça há 10 anos. Nesse tempo todo, cerca de 250 famílias vivem num pedaço da área por ali, só que agora cansaram de esperar a demarcação e invadiram”, explica o coordenador.

Ainda conforme Silva, além dos 1.200 índios que vivem ali, indígenas de outras aldeias se juntaram ao movimento e não é possível contabilizar o total de pessoas. Para o povo Guarani-Kaiwoa, a região se chama Ñande Ru marangatu, que em português significa “Nosso pai sagrado”.