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Com Ionam

Lauro: Um doce professor da vida

Não consegui fugir do trocadilho. Mas ao longo do texto você vai entender o porquê do “professor doce”. Provavelmente você já conhece este homem, é dono de uma doceria famosa em Dourados. Mesmo que não tenha conversado com ele, já viu seu sorriso ou comeu algum bolo feito pela esposa. A coluna GENTE DA CIDADE está uma delícia.

Não só porque tem fotos de doces (que eu AMO), mas principalmente, por contar a história de alguém que parece ter encontrado o verdadeiro sentido da vida.

Gente da Cidade: Lauro

Confira a História do Lauro!Ele é gente da cidade nesta semana.http://goo.gl/svVGx2

Posted by FM Cidade 101 on Sexta, 6 de novembro de 2015

Lauro Joppert Swensson (ele teve que escrever o nome para mim, rs), nasceu no dia 12 de setembro de 1942, em Guarapuava, no Paraná e foi criado em Ponta Grossa. Foi lá que cresceu com os pais e um irmão, onde fez faculdade de geografia, casou com a primeira esposa e teve dois filhos.

DOURADOS

Em 1976, depois de se separar da esposa, veio trabalhar no Centro Pedagógico de Dourados, que hoje é a UFGD. Sr. Lauro está na seleta lista dos primeiros professores de lá, assim como da atual Unigran.O professor foi também o primeiro morador da parte alta do 3º Plano. “Quando cheguei a cidade não tinha praticamente nada, era tudo um poeirão, a gente vivia sujo. É muito bom ver como tudo se desenvolveu”. Dois anos depois se casou novamente com a Luzia, com quem teve mais dois filhos. E esse casamento foi importantíssimo para a vida dele ficar mais “doce”.

 

A VIDA DE QUEM FAZ DOCES

A esposa era dona de casa e volta e meia alguém encomendava seus doces, informalmente, não havia nem preço, pagavam comprando os ingredientes. Com o passar do tempo o “negócio” foi crescendo e tiveram a ideia de abrir uma doceria. “No início achei um mau negócio, achava que não daria dinheiro” Mas a família investiu. Pouco tempo depois Sr. Lauro se aposentou, (sim, foi cedo, pois tem registro em carteira desde os 14 anos) e passou a trabalhar com a mulher na doceria.

O comércio ficou famoso e cresceu. Dona Luzia chega às 5:30 da manhã e comanda a produção. Ele vai às compras e à tarde fica no caixa.“Eu acho que o sucesso é porque nossos produtos são artesanais. Pegamos o coco , abrimos, ralamos. O chantily também é fabricado por nós. A massa do bolo é de pão de ló. Acho que tudo isso dá qualidade e atrai os clientes”

 

EMPRESA E BEM ESTAR

Quando cheguei a Dourados confesso que estranhei uma coisa, a doceria do Sr. Lauro fica fechada por 40 dias. Eu vim de São Paulo e com minha “cabecinha” pensei: Como que essas caras se sustentam? Fecham? Vão perder a clientela. Burrice minha, rs!!! Sr. Lauro soube cativar clientela fiel. De janeiro a fevereiro ele dá férias coletivas. Todos os funcionários tem 40 dias de férias (que sonho né?). E ele vai viajar com a família.

“Logo que me aposentei peguei o dinheiro do fundo de garantia e gastei tudo viajando com a família, durante um ano pela Europa. Lá percebi que os comerciantes fecham as lojas e tiram férias e não ficam pobres por isso. Então fiz o mesmo aqui. E tenho meus clientes sempre, porque nesse período, muitos também saem de Dourados. Ninguém perde. Só ganha”.

O clima entre os funcionários da doceria é um tema que vale destacar. Enquanto fazia a entrevista, uma funcionária chegou e mandou beijo pra ele. Ao entrarmos na cozinha o mesmo aconteceu com outra funcionária. Percebi que ele é muito querido por todos.“A gente forma uma família, eles são como meus filhos. São respeitados”.

Na semana passada Sr. Lauro aproveitou o feriado e levou todos os 18 funcionários para passear no Paraguai. Já houve dia em que todos foram à praia e as confraternizações são frequentes. Prova do bom relacionamento é o tempo de serviço, algumas tem 30 anos de casas, outras 17 e por aí vai.

“Aqui temos três regras: Não pode ter roubo. Tem que assumir o que faz, por exemplo, se quebrou, reconhece e pronto. E por último, não aceito atestado médico. Não precisa.

É só me dizer o problema que o dia não será descontado. Temos que confiar um no outro”.

VIAGENS

 

As férias são importantes para o professor/comerciante porque para ele a vida só faz sentido se tiver momentos significativos. “A vida é um conjunto de lembranças”.Ele já fez mais de 50 viagens por todo o mundo. Diz que só não conheceu dois lugares, Canadá (porque em janeiro lá faz frio demais) e a África subsaariana.

“Viajar é a melhor coisa que existe, não dá para escolher uma que mais gostei, pois, cada lugar tem belezas e significados diferentes”.O dinheiro que ganha da aposentadoria é reservado para viajar e o que recebe da doceria, usa para sobrevivência.Ele coleciona lembranças de cada lugar por onde passou.

 

LIÇÃO DE VIDA

Para terminar faço algumas perguntas rápidas e não estava preparada para receber uma verdadeira lição de vida.

Dourados: É minha vida. Acho que contribui para a cidade e a cidade meu todas as condições para poder crescer.

Viver é: Ter uma atividade e primar pela qualidade de tudo que se faz. É dar e receber amor.

Um sonho: Falei pra minha esposa: Se você acordar e minha testa estiver gelada, não chore, pois eu fui um homem muito feliz. Realizei tudo que sempre quis. Escrevi livros, plantei árvores, tive filhos, sou apaixonado pela minha família. O que mais posso querer?

Por Miriam Névola

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