Sertanejo Bom Demais
Sertanejo Bom Demais
Com Roberto Ferreira

Delegada, mulher, mãe, atriz, nadadora! Não necessariamente nesta ordem.

Quem a vê em ação no trabalho pode achar que é brava. Na verdade, é uma mulher com postura firme, o que de fato, impõe respeito. Só que é só puxar assunto, sobre qualquer tema menos sério que logo ela abre um sorriso doce. Qualquer semelhança com aquela delegada da novela, interpretada pela Giovanna Antonelli é mera coincidência, mas sim, elas têm muito em comum, inclusive a paixão por compras. Além disso, a delegada de Dourados, também vai aparecer nas telas do cinema.

É a primeira mulher a ser entrevistada na coluna Gente da Cidade e representa perfeitamente a mulher moderna. Andréia Alves Pereira, nasceu no dia 18 de março de 1974, em São Paulo. Mora em Dourados há 15 anos, onde começou a atuar como delegada. Tem dois filhos que são o assunto que ela mais gosta, só que é reservada ao falar de família, por questão de segurança.

PROFISSÃO

Andréia sempre gostou de ver filmes policiais, até hoje assisti à series como CSI. Mas foi em uma livraria que despertou o interesse por ser delegada.Aos 15 anos viu um livro que falava sobre investigação e pronto decidiu qual seria sua profissão.
“Eu li um pouco sobre o assunto e percebi que sendo delegada poderia levar justiça às pessoas. A partir desse dia estudei focada, fiz direito e assim que terminei prestei concurso”. A escolha da profissão é um bom exemplo para mostrar o quanto ela é decidida. Quando resolve fazer uma coisa, insiste até conseguir.
“É minha qualidade, sou persistente, determinada. Mas também pode ser meu defeito” Para Andréia ser delegada exige atitude e equilíbrio, pois as questões do trabalho não podem afetar a família. Ela já passou pela Delegacia da Mulher e pelo 1º DP. Atualmente é delegada titular do 2º DP, onde fez uma revolução quando entrou, no início desse ano. Movimentou empresários da cidade para fazer doações em prol da reforma da delegacia. Por essa e por outras ações, recebeu duas moções da Câmara de Vereadores.

 

DELEGADA TAMBÉM CHORA

O caso que mais a abalou foi em 2013, no qual o padrasto espancou até a morte, o enteado de apenas um ano. Durante a investigação ela manteve o foco, mas quatro dias depois, quando quase tudo estava resolvido, ela chorou ao chegar em casa. “Me abalou pois a vítima era muito frágil. É um absurdo a monstruosidade que alguém é capaz”.

PERDAS

No decorrer da nossa conversa ela foi se soltando e apesar de estar sempre atenta as minha anotações, aos poucos, se abriu um pouco mais. Me contou dois casos delicados de sua vida, que podem servir para ajudar outras pessoas a superarem momentos de dor. O primeiro foi na Copa de 1994, enquanto o Brasil comemorava a taça, a família de Andréia, chorava a perda do irmão dela, que morreu em um acidente de trânsito. Anos depois outra perda marcou sua história. Com 46 dias de vida, sua primeira filha morreu, a maior dor que já havia sentido. “Eu já era delegada nessa época. Pela primeira vez me senti do outro lado do cenário. Me senti a vítima. Uma dor que só foi acalmada depois que me tornei mãe”.

A delegada é evangélica, frequentadora assídua da igreja.Ela faz questão de frisar que não mistura religião com o trabalho, mas que apresenta para Deus, em oração, as situações enfrentadas na delegacia. “ A fé me sustenta, me faz permanecer em pé diante das dificuldades. Me torna mais humana”.

SHOPPING, ROUPAS, SAPATOS

O que a delegada mais gosta de fazer em dias de folga é nadar. Fez aulas de natação e atualmente curte passar horas na piscina de casa.
Andréia me confessa que está trabalhando em si mesma uma questão. É compulsiva em compras. Ama comprar roupas, sapatos... e me lembra da delegada da novela, interpretada por Giovanna Antonelli, que tinha o mesmo “hobby”.
“Sou tipo ela (risos). Mas ao mesmo tempo que gosto de comprar, gosto de doar aquilo que não uso mais”.

 

NAS TELAS DO CINEMA
Andréia adora um desafio. Esse ano recebeu um convite inesperado. Um amigo a chamou para participar do elenco de apoio do filme “Em nome da lei”, gravado em Dourados e que teve como atores principais Matheus Solano e Paola Oliveira. Ela participou de três cenas como policial federal. Só que desistiu de ir às outras gravações por falta de tempo.
“Foi bom, uma experiência nova. Mas percebi que ser atriz não é pra mim não. Gosto mesmo é de ser delegada. Gosto da ação da vida real”.

SER MULHER
Andréia parece ter tudo muito bem definido em sua vida. Mulher forte, guerreira. Quando entro no tema “preconceito por ser mulher”, ela é rápida no gatilho. “Nunca sofri. Acho que pela minha postura. Toda pessoa que demonstra insegurança ou fraqueza pode não ser respeitada, homens e mulheres, então sou firme e isso faz a diferença”.
E nesse papo de ser mulher ela se mostra gente como a gente. “É uma jornada dupla. Sou mãe e profissional. Encaro com naturalidade”.
RESUMO DA VIDA
O maior orgulho da delegada é ver uma vítima satisfeita pela justiça ter sido feita. O que mais a deixa preocupada são os filhos e o que mais a deixa feliz é o abraço deles. O lema de vida dela é um versículo bíblico: “O coração do homem traça planos, mas a resposta vem dos lábios do Senhor” “Eu gosto de estar no centro da vontade de Deus, seja onde for, no meu trabalho, na minha família....Tenho muito temor a Ele”.

Por Miriam Névola.

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