Festa da Cidade
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Com Roberto Ferreira

Força Nacional monta acampamento em parte de fazenda retomada por produtores

Foto: Miriam Névola Foto: Miriam Névola

A Força Nacional de Segurança montou acampamento em uma das fazendas que foi retomada por produtores rurais de Antonio João. Nenhum militar deu entrevista para nossa equipe, mas constatamos que a estrutura é suficiente para os soldados ficarem ali o tempo que for necessário.

As tropas foram enviadas para a região para tentar resolver a situação de conflito que se instalou desde que índios invadiram as propriedades, justificando que trata-se de retomada de território. Mas, do outro lado, produtores alegam que são donos das fazendas até que a justiça decida o contrário. Em meio a este impasse, houve confronto. Conflito

Na semana passada centenas de índios invadiram várias fazendas de Antonio João e segundo produtores rurais, fizeram funcionários de reféns. Até que no último sábado, um grupo de agricultores resolveu retomar a área. Ao chegar ao local, houve confronto. O índio Semião Fernandes Vilhalva, de 24 anos, foi morto com um tiro na cabeça. As circunstâncias da morte ainda não foram esclarecidas. A Polícia Federal está fazendo perícia para tentar descobrir o que pode ter acontecido. Produtores afirmam que não estavam armados, já os índios acusam os fazendeiros.

Depois da morte, órgãos de segurança foram chamados. Departamento de Operações de Fronteira, Força Nacional e Exército estão na região. Segundo a Funai, das nove fazendas invadidas, três foram retomadas e seis continuam ocupadas por índios.

Área em disputa

De acordo com o coordenador da Funai em Ponta Porã, Elder Paulo Ribas da Silva, pelo menos 1.200 indígenas ocuparam 9 propriedades, pois estariam cansados de esperar pela demarcação. “Em 2005 foi homologada a demarcação de 9.317 hectares, que seriam terras indígenas e ficam naquela região. Mas o proprietário da fazenda conseguiu um mandado de segurança, suspendendo a demarcação e esse processo está parado a justiça há 10 anos. Nesse tempo todo, cerca de 250 famílias vivem num pedaço da área por ali, só que agora cansaram de esperar a demarcação e invadiram”, explica o coordenador.

Ainda conforme Silva, além dos 1.200 índios que vivem ali, indígenas de outras aldeias se juntaram ao movimento e não é possível contabilizar o total de pessoas. Para o povo Guarani-Kaiwoa, a região se chama Ñande Ru marangatu, que em português significa “Nosso pai sagrado”.