Clube da Insonia
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Com Ionam

De Guassulândia para o mundo: Evikson Azevedo

Vai passar a vida vendendo batom? Perguntaram para ele, sem saber que em breve surgiria um homem de negócios, que usou a simpatia e a garra para mudar de vida. A primeira coluna do ano traz a história inspiradora de um jovem determinado que, mesmo crescendo num lugar simples e com poucas oportunidades, soube aproveitar a chance de se desenvolver. Com muito trabalho, no ano em que a maioria reclamou da crise, ele teve a melhor época financeira da vida. Com vocês.....

Evikson Azevedo, nasceu no dia 18 de agosto de 1990, em São Bernardo dos Campos (SP). Aos dois anos se mudou com a mãe e o irmão para Guassulândia, distrito de Glória de Dourados (MS). A troca de estado foi em busca de uma vida melhor, pois dona Zuleide criaria os dois filhos sozinha. No pequeno distrito, onde moram apenas 350 pessoas, ela abriu um bar e dali tirou o sustento da família.

O GURI DE GUASSULÂNDIA
Uma criança que gostava de jogar bets e andar de bicicleta. Ia à escola e ajudava a mãe no bar. A família nunca passou necessidades graças ao trabalho da dona Zuleide, mas era tudo muito simples, sem regalias. Aos 14 anos, Evikson teve sua primeira grande vontade de ter algo, só que não podia por falta de dinheiro. Um aparelho para os dentes.
“Fui ao consultório do dentista e soube que a manutenção custaria R$55 por mês. Falei com minha mãe e ela disse que não poderia pagar, que qualquer coisa socava minha boca pro dente ir pra trás (risos). Mas eu cismei que queria usar aparelho, então percebi que teria que trabalhar”.
A vizinha dele vendia produtos por catálogo e falou que ele poderia ajudá-la e granhar uma porcentagem. Foi o que fez. Juntava o dinheiro num porquinho de barro. “Lembro direitinho, tirando as moedas do bolso para pagar o aparelho”. Esse foi o primeiro exemplo de determinação do guri de Guassulândia.

VENDEDOR DE BATOM?
Terminou o ensino médio e decidiu que faria faculdade de publicidade, em Dourados. Mas e o dinheiro?? Bom, começou a fazer salgados (ele mesmo cozinhava) e vendia no ônibus a caminho da faculdade. Foi com esse dinheiro e mais a frente com o salário mínimo que recebia de um trabalho na prefeitura, que custeou os estudos. Os gastos aumentaram e uma amiga insistiu que ele começasse a vender cosméticos. “Falei que não sabia vender, que já tinha um bom trabalho, porque onde eu morava trabalhar na prefeitura era o melhor que podia acontecer com alguém. Mas ela insistiu e eu topei. Vendia pouco. Não me dedicava”.
Até que em 2010 estava precisando de dinheiro então resolveu investir. Para ser consultor de beleza ele precisaria ter os produtos. Comprou R$12 mil e pagaria parcelado. “Minha mãe quis me matar, era o preço de uma casa em Guassulândia, dizia: onde já se viu ficar endividado pra vender batom? Eu fiquei com medo de não conseguir pagar, por isso coloquei na cabeça que teria que fazer dar certo.”
Começou a estudar o material de vendas, ver vídeos no youtube sobre beleza e maquiagem, ensinava as clientes e vendia os produtos. “Achei que esse seria meu “extra”. Quando vi o lucro já dava mais que meu salário na prefeitura”.

TUDO OU NADA
Foi então que tomou uma atitude drástica. Para o desespero da mãe, pediu demissão da prefeitura. “Eu tinha que investir nisso. Eu me encontrei. Adoro trabalhar a autoestima das pessoas, ter contato com gente e ainda ganhava dinheiro com isso”.
Em 4 meses como diretor passou a comandar uma equipe de 30 pessoas. Bateu metas e além do lucro, ganhou uma viagem para Buenos Aires. Em 2012 abriu um escritório em Glória de Dourados, onde oferecia treinamento.

RECOMEÇO
Está bom, ou preciso dizer que a vida dele estava muito bem, obrigada???!! Pois é. Em 2013 Evikson percebeu que as finanças estavam boas, mas tinha estabilizado. Situação incômoda para um rapaz ousado e cheio de sonhos.
“Mantive minha equipe em Glória e me mudei para Dourados. Só que aqui só conhecia duas pessoas, fiquei na casa desses amigos. Não conhecia mais ninguém”.
O rapaz de Guassulândia se viu sozinho, sem dinheiro, numa cidade maior. “Tive dias que passei fome, tinha R$20. Ou abastecia o carro para tentar vender, ou comia. Preferia tentar vender”. Sem conhecer a cidade ele ia até o centro e abordava pessoas e oferecia os produtos. Aos poucos foi percebendo que havia um mercado enorme. Em sete meses montou uma nova equipe.

CRISE? ONDE?
2015 foi o “boom” da carreira de Evikson! Sim. Você não leu errado. 2015, um ano em que a maioria só falava em crise ele conquistou o sucesso. Formou duas novas diretoras, ganhou um carro de R$80 mil como prêmio por atingir as metas, se tornou diretor executivo, viajou a passeio e saiu pelo Brasil dando palestras, foi para Salvador, Minas Gerais, São Paulo, entre outros.

O mais legal da história desse “guri” de Guassulândia é que a todo momento da nossa conversa, ele fez questão de dizer que só chegou onde chegou por causa da equipe. “Eu não faço nada sozinho. Minha equipe é muito batalhadora. As metas batemos juntos”.

E você pensa que os sonhos acabaram? Jamais! Évikson ainda quer viajar muito e se tornar um diretor nacional da marca.
“Eu não vendo produtos. Vendo beleza, autoestima. Fico feliz em ver as pessoas se sentindo valorizadas. Eu vou ajuda-las a realçar o que elas já tem. Se eu puder ganhar dinheiro com isso, melhor né?”, falou e abriu um sorrisão que prova que o dinheiro juntado com esforço para o aparelho, valeu a pena.

Por Miriam Névola, jornalista.

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